22 de dez. de 2007

25 de set. de 2007

notcelebrity.co.uk
Uma ótima viagem de carro:
- Foz do Iguaçú (em geral prefiro direto para Puerto Iguazu-AR)
- Missões Jesuíticas dos 3 países, AR, PY e BR.
- Cidades Trabalhistas e do pampa gaúcho - São Borja e Uruguaiana.
(dependendo do câmbio, abastecimento e continuação)
- Ao longo do Rio Uruguai pelo Uruguai.
- Nueva Palmira - travessia até o porto do Tigre-AR e volta pelos canais do Delta.
- Mercedes.
- Colônia de Sacramento.
- Montevidéu.
- Punta del Este.
- Balneários do litoral.
- Chuí - Rio Grande, Pelotas, São Lourenço, Porto Alegre ... rotas a escolher.

24 de set. de 2007

A fraude do vôo 93

Aqui tem mais, nem precisa entender inglês para acreditar que esta também fez parte do golpe republicano no 11 de setembro :



Este mostra o que aconteceu com os passageiros do vôo verdadeiro. Cada passageiro deve ter sido bem ameaçado de morte de filme americano para nunca abrir a boquinha...

17 de set. de 2007

Se deram mal

Vale a pena assistir a este vídeo. Um professor de islamismo é atacado numa entrevista ao vivo por jornalistas da Fox News, empresa fundamentalista, mas consegue se defender. E bem. De quebra, o professor ainda consegue divulgar o endereço http://www.st911.org para que os internautas pudessem conferir as evidências de que os atentados contra as torres gêmeas foram orquestrados pelo governo Bush.

(do ótimo Blog do Mello)

15 de set. de 2007

Sem senso de noção

O texto abaixo saiu na coluna de Hildegard Angel no JB – Caderno B – na sexta-feira, 31 de agosto de 2007.
Dá uma idéia da falta de certas noções importantes na cabeça do Lula, que ainda não aprendeu nesta altura do quinto ano de mandato.
(mas o pior é que a opção são os tucanos lesa-pátria)
Tudo bem. Lula foi o primeiro Presidente da República do Brasil a receber no palácio os familiares dos desaparecidos políticos. Não vamos considerar que Lula levou cinco anos para isso, nem que ele aparentemente morre de medo dos militares. O que torna esse episódio incrível é como essa audiência se deu : totalmente clandestina ! Éramos pouco mais de 20 familiares de nomes emblemáticos, como o filho de Wladimir Herzog e a viúva de Carlos Marighela, Clara, e fomos recebidos na ante-sala do gabinete presidencial. Foi um encontro histórico sem registro oficial. Mudo, silencioso, calado, escondido ! Não teve imprensa, não teve fotógrafo, não teve um repórter da Radiobrás, nada. Sequer cobertura oficial houve, como é de praxe. Como no caso do MST, quando o presidente tira foto, põe boné. Nem mesmo no site do Governo, que registra todas as audiências, há menção ao encontro de quarta-feira. As velhinhas presentes, nossas mães da Praça de Mayo, com os rostos de seus mortos impressos nas camisetas, ficaram frustradas. Teve gente se sentindo tão na clandestinidade quanto no tempo da militância.
Foi tudo muito emocionante.
Lula nos recebeu na ante-sala de seu gabinete. Éramos os familiares das vítimas dos governos militares, dos desaparecidos, torturados, executados. O presidente foi terno. Cumprimentou e abraçou, de modo solidário, um por um. Foi pedido aos presentes que se apresentassem, nomeando seu familiar morto. Foi muito triste. Não poucos tinham, no seu ranking trágico, dois, três ou até quatro perdas. Olhos se encheram de lágrimas, ferida que não cicatriza jamais.
Euzita, 94 anos, mãe do desaparecido Fernando Santa Cruz, falou, representando os familiares, e encerrou fazendo a súplica: “Senhor Presidente, abre logo esses arquivos, não tenho mais tempo para esperar para enterrar o corpo do meu filho”.
Falaram, em seguida, o presidente da Comissão de Mortos e Desaparecidos, o ministro Paulo Vanucchi, dos Direitos Humanos, e, por fim, Lula.
O presidente não parecia à vontade no assunto. Discorreu sobre o sofrimento das famílias de desaparecidos, que “não tinham culpa se um familiar se envolveu em uma coisa errada”. Mas este não foi o único tropeço. Numa segunda gafe, Lula isentou a ditadura militar, contando que, em conversa com os comandos militares, quando discutiam a abertura dos arquivos, ele lhes disse : “Vocês não podem ser responsáveis porque algum elemento da instituição cometeu algum tipo de excesso”. Tropeços de quem, por maior que seja a boa vontade, talvez não sinta em profundidade essa tragédia, ou talvez mesmo não a entenda, apesar de sua grande e reconhecida sensibilidade para as tragédias brasileiras. Não podemos condenar. Difícil, para quem viveu a tragédia da fome, deter-se na tragédia de jovens bem alimentados que deram as vidas por um ideal.
Ao final, depois da sessão emocionada, todos já de pé, deu-se a saia justa. Membro fundador da Comissão de Familiares, Yara Xavier não se conteve: “Presidente, não se tratou de uma questão individual de um sargento, de um capitão, tratou-se de uma questão de Estado”. O presidente retrucou: “Mas o governo do PT não pode responder por isso”. Yara insistiu : “Não, é o ESTADO brasileiro que tem que ser responsável”. Lula rebateu que ela estava à vontade para pensar o que quisesse. Yara disse a última palavra : “Por isso estamos numa democracia”.
Em seguida, passamos todos para o grande foyer do Palácio do Planalto, onde aconteceria a grande solenidade, depois mostrada pelas TVs. Havia ministros, senadores, deputados, autoridades e muitos outros familiares de desaparecidos. O momento era histórico, pontual, um divisor de águas na História política brasileira. Estava sendo lançado, no Palácio do Planalto, o livro-documento Direito à Memória e à Verdade, um trabalho notável de onze anos, reunindo todos os casos analisados pela Comissão de Desaparecidos. Um evento de resgate emblemático, em que o todo o tempo se pisou em ovos, insistindo-se nos discursos nos termos “Conciliação” e “concórdia”, quando se referiam aos militares.
Ao meu lado, queixando-se da discurseira, Maria Augusta, viúva do desaparecido David Capistrano, velhinha, encarquilhada, miúda, nordestina, resmungava entre-dentes : “conciliação, concórdia, são é bandidos”. Sua dor não se calou, pensei, consciente porém de que, naquele momento, ali e agora, dava-se um passo, não tão largo como as famílias pretendem e a Nação merece, mas um passo importante. Como bem disse o ministro Paulo Vanucchi, dos Direitos Humanos, ao falar : “è a primeira vez que há uma manifestação oficial do Estado brasileiro, registrando, para os anais da História, aquela realidade dura, difícil.

11 de set. de 2007

Sen. Heloisa Helena homenageia Brizola




De quebra, revela o verdadeiro lugar do PT da república.

2 de set. de 2007

Carlos Zéfiro, ou melhor, Sir Charles Zephyr

Há apenas uns dois anos o único resultado que a tia internet tinha de páginas para o Grande Carlos Zéfiro era um pobre www.ludmira.hpg.ig.com.br.
Pois um amigo acaba de me enviar uma mensagem com diversos links, que ligam para mais conteúdos e links.
Restabeleçam-se os reais valores folclóricos das gentes da Terra de Vera Cruz !
Ou, como diz a página Onan :


"Uma homenagem à época em que punheta tinha enredo".
 
Os links :
Bigorna.netO Ludmira, hoje bem melhorMuitos "catecismos" na Onan ( vá clicando para folhear )
A mina dos links para o Mestre
Muito conteúdo
Na Wikipedia !

5 de ago. de 2007

Gasolina, álcool e diesel


Nunca consegui assistir a este anúncio da Petrobras , "Mais energia para o Pan 2007" (o que significa a frase mesmo ?), sem imaginar gasolina, álcool e diesel sendo jogados sobre as multidões. A seguir seria tocado fogo ?
Aliás, a empresa não é de usufruto de alguns amigos, como a PDVSA, mas desde o início do governo fhc (o lesa-pátria) tenho sentido que as direções tucanas e petistas só querem mesmo torná-la uma das famigeradas "sete irmãs". O papo de energias alternativas é só prá petista bobo ver.

1 de ago. de 2007

Sol da Meia Noite


Mano,

Com minhas andanças um tanto precoces acabei por vezes aprendendo coisas na prática, dessas que não tivemos saco de estudar na escola, ou - mais provável - não nos foi ensinado.

Em junho de 1974 saímos da Suíça para a Suécia. O dinheiro estava acabando e um amigo que morava em Paris, a caminho de Estocolmo, nos havia falado que lá se podia trabalhar legalmente por três meses e ganhar uma grana que daria pro resto do ano na Europa.

A viagem de carona foi ótima, como todas. Pelo final da tarde do segundo dia, perto de Frankfurt, um cara que só falava alemão parou. Logo depois estacionou ao lado de uma cabine telefônica nos dizendo : "Ein moment". Voltou tentando dizer "home" e fomos prá casa dele.

Lá estava sua mulher e duas filhas adolescentes, que falavam inglês. As meninas ficaram excitadíssimas com aqueles dois seres um tanto exóticos que o pai havia trazido para casa. A mulher dele nos disse que era a primeira vez na vida que ele dava carona para alguém (sempre viajamos não só de casalzinho mas vestidos para despertar bons sentimentos, tão bons quanto nós éramos mesmo).

Disseram que podíamos dormir num apartamento abaixo, de outra filha que estava viajando. Ele era arquiteto e todo o prédio de três andares era dele. E que no dia seguinte podíamos seguir com eles para Travemünde, Alemanha, onde iriam buscar a filha e bem no porto do Ferry Boat para a Dinamarca.

Lanchamos pães pretos que pareciam de madeira e fomos prá varanda tomar licor e ouvir interessantes coisas da história urbana recente de Frankfurt, já que na guerra quase tudo tinha virado pó. Depois saímos de carro para ver a cidade à noite.

Viajamos o dia seguinte inteiro, pois a tal Alemanha é uma coisa grande entre aqueles micro-países. À tarde eu comentava o estranho que era nos aproximarmos razoavelmente do Pólo Norte e o calor ir aumentando, janelas abertas e o barulhão do vento quente. À tardinha nos despedimos deles (ah, que lástima não haver e-mails naquela época, e as pessoas se perderem no tempo).

Cruzamos para a Dinamarca e à tarde de novo a carona nos convidou para dormir. Bueno, visitamos Copenhague e outro Ferry pra Suécia. A fama era que lá eles não davam carona. Pegamos uma logo. Um cara todo sujo num carro todo sujo com mil tralhas sujas dentro. Era o Hokan, o maior cientista de insetos da Suécia e vinha 'de campo'. Estocolmo estava a umas 10 horas e no final - pra variar - "convenceu-nos" de que aquilo não era hora de chegar numa cidade grande e que devíamos acompanhá-lo e dormir em sua fazenda perto de Estocolmo. Era linda, a mulher dele também, todos doces simpatias. Saímos pra colher cogumelos normais, bebemos um montão de vinho e fomos dormir pela uma da manhã.

Todo este conto pra dizer que era o "Midsommardag", o solstício de verão naquele dia, e à uma da manhã o sol se punha mas não chegou a escurecer quase nada, pelas duas já nascia de novo. Assim foi meu primeiro contato com o sol da meia noite. O sono foi estranho pois o quarto não tinha cortinas - eles têm pouco tempo de sol e não desperdiçam - e adormecemos assim com um sol de oito da manhã na cara.

Saímos da Suécia no dia 20 de setembro e já anoitecia pelas três da tarde.

31 de jul. de 2007

Medo


Estes dias andei lendo o livro O medo na cidade do Rio de Janeiro – Dois tempos de uma história - de Vera Malaguti Batista – ed. Revan 2003 - Um competentíssimo estudo sociológico, desde os medos causados as elites pelas multidões nas cidades com a revolução Industrial até a nossa escravatura e a cidade na atualidade. O tema não deixa de lembrar o medo como forma de controle de que trata o filme “Tiros em Columbine”, do diretor Michael Moore. Acho mesmo que incluirei neste depositário de textos a serem lembrados algumas passagens desta interessante obra, alguns até cômicos, se não fossem trágicos.

A dedicatória já me toca especialmente : “Para Leonel Brizola, pelo destemor com que enfrentou o Império; pelo medo que sempre despertou nos caretas e nos covardes.”

A página 107 relembra-me o fato surreal que tanto revela da nossa “sociedade cordial” :

“No dia 4 de agosto de 2000, o Movimento dos trabalhadores Sem-Teto (MTST), integrado por moradores de ocupações na Baixada fluminense e na zona oeste, “invadiram” um shopping, uma espécie de templo do consumo no Rio de Janeiro, o Rio Sul. Na verdade era uma invasão estética, já que o objetivo era passear no shopping, e não tomá-lo. As autoridades da Segurança Pública no Rio de Janeiro souberam da iniciativa e tomaram precauções: os ônibus em que estavam os sem-teto foram parados na Avenida Brasil e impedidos de prosseguir por falta de documentos. Os sem-teto seguiram em ônibus comuns e encontraram o Rio Sul guardado por 40 policiais. A dona de casa Elizabeth da silva, 36 anos, do acampamento Araguaia, chorou ao ver os policiais: “Nós não vamos mexer em nada! Por que isso ?” (JB, 05-08-2000).

Segue comentários "dos dois lados" e análises do fato. Lembrança e reflexões imperdíveis.


Ingnorânça

Viajando pelo interior do país, constata-se a grande utilização da placa de trânsito "Proibido parar e estacionar" em qualquer rua. As cabeças municipais de trânsito a entendem simplesmente como ênfase à placa de proibido estacionar.

Uma hora destas vai se ter que inventar outra placa para sinalizar as vias rápidas, como a ponte Rio-Niterói.

Talvez esta :

22 de jul. de 2007

Transpostes Aéreos Marília

Em tempos de mais uma queda de avião da TAM, republico a sabedoria do Kipling. Quando no país-surreal o video está rolando como tendo a ver com o acidente, tratando-se apenas do mesmo modelo de avião.

Na verdade, a voz do video original (e antigo) é sobre o primeiro teste de aterrisagem de um avião completamente por computador.


Este novo navio está equipado de acordo com os mais modernos conhecimentos da humanidade.

A saber, ele é atulhado de ponta a ponta com sinos, cornetas, relógios, fios e, me foi dito, pode tirar vozes do ar sobre as águas para pilotar o navio enquanto a tripulação dorme.

Mas durmam levemente.

Ainda não me foi dito que o MAR deixou de ser o MAR.


Rudyard Kipling, 1865 – 1936

21 de jul. de 2007

O barômetro



(De Waldemar Setzer, professor aposentando da USP)
"Há algum tempo recebi um convite de um colega para servir de árbitro na revisão de uma prova.
Tratava-se de avaliar uma questão de Física, que recebera nota zero. O aluno contestava tal conceito, alegando que merecia nota máxima pela resposta, a não ser que houvesse uma "conspiração do sistema" contra ele.
Professor e aluno concordaram em submeter o problema a um juiz imparcial, e eu fui o escolhido.
Chegando à sala de meu colega, li a questão da prova, que dizia: "Mostre como pode-se determinar a altura de um edifício bem alto com o auxilio de um barômetro. "
A resposta do estudante foi a seguinte: "Leve o barômetro ao alto do edifício e amarre uma corda nele, baixe o barômetro até a calçada e em seguida levante, medindo o comprimento da corda; este comprimento será igual à altura do edifício."
Sem dúvida era uma resposta interessante, e de alguma forma correta, pois satisfazia o enunciado. Por instantes vacilei quanto ao veredicto. Recompondo-me rapidamente, disse ao estudante que ele tinha forte razão para ter nota máxima, já que havia respondido a questão completa e corretamente. Entretanto, se ele tirasse nota máxima, estaria caracterizada uma aprovação em um curso de física, mas a resposta não confirmava isso. Sugeri então que fizesse uma outra tentativa para responder a questão.
Não me surpreendi quando meu colega concordou, mas sim quando o estudante resolveu encarar aquilo que eu imaginei lhe seria um bom desafio. Segundo o acordo, ele teria seis minutos para responder à questão, isto após ter sido prevenido de que sua resposta deveria mostrar, necessariamente, algum conhecimento de física.
Passados cinco minutos ele não havia escrito nada, apenas olhava pensativamente para o forro da sala. Perguntei-lhe então se desejava desistir, pois eu tinha um compromisso logo em seguida, e não tinha tempo a perder. Mais surpreso ainda fiquei quando o estudante anunciou que não havia desistido. Na realidade tinha muitas respostas, e estava justamente escolhendo a melhor. Desculpei-me pela interrupção e solicitei que continuasse.
No momento seguinte ele escreveu esta resposta: "Vá ao alto do edifico, incline-se numa ponta do telhado e solte o barômetro, medindo o tempo t de queda desde a largada até o toque com o solo. Depois, empregando a fórmula h = (1/2)gt^2 , calcule a altura do edifício."
Perguntei então ao meu colega se ele estava satisfeito com a nova resposta, e se concordava com a minha disposição em conferir praticamente a nota máxima à prova. Concordou, embora sentisse nele uma expressão de descontentamento, talvez inconformismo.
Ao sair da sala lembrei-me que o estudante havia dito ter outras respostas para o problema. Embora já sem tempo, não resisti à curiosidade e perguntei-lhe quais eram essas respostas. "Ah!, sim," - disse ele - "há muitas maneiras de se achar a altura de um edifício com a ajuda de um barômetro."
Perante a minha curiosidade e a já perplexidade de meu colega, o estudante desfilou as seguintes explicações: "Por exemplo, num belo dia de sol pode-se medir a altura do barômetro e o comprimento de sua sombra projetada no solo, bem como a do edifício". Depois, usando-se uma simples regra de três, determina-se à altura do edifício. "Um outro método básico de medida, aliás bastante simples e direto, é subir as escadas do edifício fazendo marcas na parede, espaçadas da altura do barômetro. Contando o número de marcas ter-se a altura do edifício em unidades barométricas". Um método mais complexo seria amarrar o barômetro na ponta de uma corda e balançá-lo como um pêndulo, o que permite a determinação da aceleração da gravidade (g). Repetindo a operação ao nível da rua e no topo do edifício, tem-se dois g's, e a altura do edifício pode, a princípio, ser calculada com base nessa diferença. "Finalmente", - concluiu: - "se não for cobrada uma solução física para o problema, existem outras respostas. Por exemplo, pode-se ir até o edifício e bater à porta do síndico. Quando ele aparecer, diz-se: "Caro Sr. síndico, trago aqui um ótimo barômetro; se o Sr. me disser a altura deste edifício, eu lhe darei o barômetro de presente.".
A esta altura, perguntei ao estudante se ele não sabia qual era a resposta 'esperada' para o problema. Ele admitiu que sabia, mas estava tão farto com as tentativas dos professores de controlar o seu raciocínio e cobrar respostas prontas com base em informações mecanicamente arroladas, que ele resolveu contestar aquilo que considerava, principalmente, uma farsa.

"Não basta ensinar ao homem uma especialidade, porque se tornará assim uma máquina utilizável e não uma personalidade.

É necessário que adquira um sentimento, um senso prático daquilo que vale a pena ser empreendido, daquilo que é belo, do que é moralmente correto".
Albert Einstein

8 de jul. de 2007

"As invasões bárbaras"

Ainda o assunto da morte remete ao sensacional "As invasões bárbaras", filme canadense de Denys Arcand, 2003.

O trailer em francês - que dá ganas de assistir ao filme pela oitava vez :


E a parte do discurso das das atrocidades históricas para a freira assustada - legendado em português ( há tempos tenho anotado fazer uma lista de algumas delas, dia destes sai ):



Como se não bastasse, também nos deliciamos com este colírio :




"Mar adentro"

O tema da vida e da morte me conduz ao belíssimo "Mar adentro", Alejandro Amenábar, 2004.

Assista ao trailer :

"As asas da vida"


Duas partes do documentário "As asas da vida" - Carlos Cristos, médico espanhol, 47 anos, sofria de Atrofia Sistêmica Múltipla, incurável e degenerativa. Pediu a um amigo que filmasse seus momentos finais.
Serenidade, dignidade, sanidade e senso de humor até o fim. Belo.




6 de jul. de 2007

"A revolução não será televisionada" - parte 7


Esta parte 7 é crucial - quando a zona se estabelece, rola o limbo do golpe.
A situação era como poderia ser no Brasil : um monte de canais privados dizendo mentiras e UMA TVE qualquer do governo com o sinal cortado - é o tempo estranho e longo em que a reação do povo pareceu tardar. Talvez só visível ao assistir ao documentário inteiro.
Uma cena rápida me chamou a atenção quando assisti na TV Câmara - uma imagem de fora dos portões do palácio mostrou um soldado fazendo um sinal de 'venceremos' para o povo que estava fora das grades. 'What´s porr´s that ?'
Crucial pelo desmantelamento do golpe medíocre mas - principalmente - pelas cenas dos ministros voltando aos seus postos e legitimidades. Pode-se ver o tipo de pessoas que eram e são : simples e dignas.
O governo constitucional se restabelece, mas ninguém sabe onde está o Presidente.

"A revolução não será televisionada" - parte 6


Esta parte 6 das 10 é curiosa, quando os golpistas se apresentam, quase como num teatrinho em que se iludiam com a realidade, demonstrando a estupidez, a primariedade e a ingenuidade com que - neste início de século 21 - acharam que eram beneficiários dos golpes da CIA dos inícios dos anos 60 : só erraram por uns quarenta anos ... O destaque vai para quando dissolvem TODAS as instituições vigentes em todos os três poderes !
Isto deve ser o que dizem : "soberbou na maionese".

"A revolução não será televisionada" - parte 4


Esta parte 4/10 do YouTube do documentário me toca de forma especial, pois desde sempre simpatizava com o Chavez mas não acompanhava com profundidade os acontecimentos da Venezuela. Afinal, os tempos eram do colapso das torres gêmeas, o pstu reclamava de alguns engraxates latinos que haviam morrido nos pisos inferiores, coisas assim.
Aí assisti à mesma montagem das cenas no Jornal Nacional da Globo, a mesma mentira só que com o 'padrão Globo de qualidade', ainda melhor editadas.
Pensei: 'esta é pesada, Chavez, assim não dá'.
Só alguns anos depois, em 2006, assisti este documentário na TV Câmara.

AQUI está a parte que conta a putaria montada e divulgada. Vale a pena assistir. Putaria na veia.

22 de jun. de 2007

Druuna, de Serpieri


Milo Manara

Esse cara é bom.
Não ( vocabulário pobre ).
Esse italiano é ótimo - Milo Manara.

Paris-Texas




Clique para assistir à introdução da inesquecível obra de Win Wenders, música do Ry Cooder :


18 de jun. de 2007

FLIP ou não FLIP ?


Depois de um mês em Visconde de Mauá, todas as sextas e sábados cheias de casais e famílias de gorrinhos e cachecóis a comer fondues, é época de FLIP, clichês mais chiques, hora de reler o quase inédito texto de Marcelo Mirisola :

AS AVENTURAS DE MIRISOLA EM PARATY
Paraty 2006
Não me convidaram para essa festa pobre. Nem a mim nem ao Cazuza. Ele porque já foi pro beleléu, eu porque sou um falastrão, e devo representar alguma espécie de ameaça ao convívio de tão ilustres, sociais e educados escribas. O mundo das letras (digo a indústria, a máquina de fazer dinheiro) é colorido, e fofo. E pode - como uma propaganda do Unibanco - , ser irresponsável, e perigoso. Da mesma forma que inventa idílios em Paraty, ajambra periferias e escritores para propagandear qualquer lugar que lhe convém;desde esse insuspeito arraial literário até alcançar o Piauí, não,não é o Estado do qual Nelson Rodrigues duvidava da existência, trata-se da "Revista Piauí" - que será - dizem... - oportunamente lançada nessa simpática Paraty sem rede de esgoto. João Moreira Salles, além de editor da revista, cineasta premiado e mauricinho lírico incontestável, é dono do banco supracitado, e patrocinador da festa. Não conheço Joãozinho Salles, nem vi a revista. Só sei dizer que devo um dinheirão de juros pros bancos. Mas nem é preciso especular para saber que a qualidade gráfica da "Revista Piauí" deve ser Suiça. E os textos... milionários. Não, também não me convidaram para escrever na "Piauí". Estou aqui - é bom avisar - na condição de escritor profissional, ou, se preferirem, correspondente de guerra. Dava na mesma se me enviassem para a fronteira da Síria com o Líbano. Meu espírito é esse. Sempre foi, é bom que se diga. O legal da história é que passarei quatro dias enchendo a cara, e flanando por conta dessa festinha caipira , e - como não poderia deixar de ser - claro, ainda vou ganhar uns trocados. Bicão mas sem perder a elegância. Quem arrumou para mim esse Spa que inclui transporte, hospedagem, fuzis, e tudo na faixa, foi o Marcelino Freire. Paraty - para mim - começou ontem à noite na Mercearia São Pedro. Um lugar em São Paulo, na Vila Madalena (para o leitor desavisado do Zero Hora) onde se faz negócios, conchavos, sexo no banheiro, fala-se bem dos amigos e mal dos inimigos e na maioria dos casos purga-se a falta de talento enchendo-se a cara até o dia amanhecer. Às vezes os autores da casa publicam antologias. Às vezes quebram o bar. Nada demais. A diferença pros outros butecos é o sanduíche de carne assada e a simpatia de Marquinhos, dono do buteco. O primeiro ítem é meio caro mas justifica o segundo; ou seja, o sorriso impagável de Marquinhos, atrás do balcão. De uns tempos pra cá, o "agitador" Marcelino Freire anda - merecidamente... - festejado no meio literário, e desfruta de camarote na Mercearia São Pedro. Foi lá que apiedou-se desse escriba nada modesto, e resolveu mandá-lo para Paraty antes de ser solicitado no sentido de arrumar-lhe um emprego, dinheiro emprestado, favores sexuais e/ou algo mais sórdido do tipo...um Jabuti. Na verdade, iria lhe pedir as horas. Só isso. Ele que insistiu na garrafa de "Periquita". Fazer o quê?
Agora estou aqui nessa cidadezinha de merda, cercado por chiliques nacionais e internacionais, pela paisagem sonífera que encantou Debret, e pedras a judiar dos meus ligamentos; ladeado por escritores "engajados"... (me pergunto: "engajados no quê? Na chatice?") e - evidentemente - atrás de uma maria-rodapé pra comer acompanhada com feijão grosso e costelinha de porco. Fiquei sabendo que não me convidaram para essa festa porque, entre uma maria-rodapé comida no almoço e um porre de cachaça seguido dos vexames de praxe, eu poderia falar ao vivo e a cores as mesmas coisas desagradáveis que estou escrevendo aqui e agora: de frente para o mar e para a bandeja de queijadinhas. Tolos. Quanto ao homenageado dessa edição, acertaram na mosca. Jorge Amado, esse xarope filhinho de papai Stálin, é o autor perfeito para se prestar homenagens; perfeito em vida e mais perfeito depois de morto. Existem autores com essa vocação. A outra categoria são os que fazem literatura pra valer. Esses dispensam homenagens. Melhor mesmo lê-los. Uma dica. Leiam "O Sobrinho de Wittgenstein", de Thomas Bernhardt. Nada a ver com esse ar civilizado de Paraty, nada, nadinha a ver com barquinhos ancorados defronte cafezinhos metidos a besta. Talvez "Árvores Abatidas" do mesmo Bernhardt tenha mais afinidade com a atmosfera de falcatrua dessa Paraty. Ora, leiam toda a obra de Bernhardt, e concordarão comigo. Penso mesmo que Jorge Amado, o "baiano profundo", não tem cacife sequer para ser a micose de unha de um Juliano Garcia Pessanha, que - a propósito - é admirador número um da obra de Bernhardt .Menos mal que esse ano tenham convidado Pessanha. A palestra dele foi a melhor coisa que podia ter acontecido nessas plagas. Para quem não o conhece, J.P, além de ganhar a vida ensinando Blanchot e Cioran para as madames de Higienópolis, é autor de um livro fundamental chamado "Certeza do Agora". A vida é simples. Os livros do Juliano esgotados.
Um esclarecimento: Maria-rodapé não é um quitute que a mãe de Thomas Mann preparava quando sentia nostalgia de Veneza, mas sim um avanço tecnológico das antigas groupies dos tempos áureos do Rock and Roll. São garotas que, em suma, dão pros caras porque eles aparecem nos jornais, ou tem uma bandinha, ou, sei lá, usam camisetas pretas, ou nesse caso específico, frequentam jornais, antologias e revistas especializadas do circuito Vila Madalena-Paraty. Ou seja, tipos descolados que assobiam, chupam e entornam uma cana ao mesmo tempo, e não necessariamente escrevem coisas que valham a pena ser lidas. Isso é um detalhe, concorda dona Zélia?
Outro detalhe é o não-cachê dos escribas brasileiros. Nossos ilustres figurantes comparecerão por conta da militância. Isto é, ou acreditam nas causas do Unibanco, da TIM ou nas causas do marqueting próprio. Que o diga Gabriel Chalita - o ex-secretário da Educação do Estado de São Paulo – que, embora não tenha sido convidado oficialmente pela Flip, encarna o que os místicos chamariam de "espírito" da coisa. Chalita lançará (é o que diz o site dele) o livro de poesias chamado "Estações" aqui em Paraty. Um mimo esse rapaz. Os escritores gringos, na certa, além dos dólares (ou alguém pensa que um Christopher Hitchens da vida viaja de graça?), levarão cocares, mulatas, belos suvenires de nossa amada pátria, e lembranças dos tempos em que a colonização era somente um pretexto para arrancar nossas alminhas caipiras do respectivos couros. Depois de 500 anos, esgarçadas as alminhas, os gringos não precisam sequer de pretextos. Ninguém aqui tem coisa diferente de tubérculos no lugar do caráter, esses gringos tem mais é que se esbaldar. Viramos mandiocas. Bela festa, ainda bem que não fui convidado. Na mesa em que eu participaria – sim, meu nome foi malandramente limado pela organização do Festival - puseram um cara meio deprimido e engraçado a falar de quadrinhos, remédios e literatura. Boa performance. Claro que fiquei contrariado. E,antes que me acusem de gordinho recalcado, me antecipo. Sou recalcado porém emagreci. Esse texto tem, portanto, endereço e gênese ululantes: produto da minha pequenez e arrogância. Apesar disso, Reinaldo Moraes desembestou a tagarelar, e salvou o encontro. Felizmente dona Zélia Gattai não compareceu. Tropeçou no próprio autismo, e se machucou. Estou livre do casamento perfeito, dos causos e da lenga-lenga imortal dessa senhora. Ricardo Piglia também não veio. No seu lugar, chamaram José Miguel Wisnik. Quero estar bem longe na hora em que o professor da USP disser que o Caetano é um gênio. A velha lenga-lenga. Ah, Paraty. Ah, meu saco. Também não tenho nenhuma curiosidade em assistir a palestra de estrelas do jornalismo americano. Isso aqui não é uma festa "literária"? Não tenho nenhum interesse por apêndices ou restolhos de gênio "A" ou gênio "B". Será que a leitura da obra dos caras não é o suficiente? A mim me bastam minhas gambiarras e vaidade. Não estou nem aí com os "perfis" e eventuais entrevistas, excêntricidades e lápis apontados por fulaninho genial. Nem aqui, nem alhures. Se esses jornalistas misturam gêneros, talvez por timidez, ou algum tipo de ambição risco-zero, eu criei um estilo. Igualmente não faço diferença entre o velho e o mar, o melhor amigo, ou o barbeiro de Hemingway. Em tempo: também não acredito em biografias e na publicação de cartas de autores defuntos, acho isso de um oportunismo tosco, uma falta de delicadeza. Sobretudo não creio em "recriação". Mas creio em vampiros! Lilliam Ross, a famosa editora da New Yorker, está evidentemente puxando a sardinha para o lado dela. Independente do charme e do talento dessa senhora e de seus assemelhados, eles, a meu ver, jamais passarão de coadjuvantes. No máximo - e com muita boa vontade - eu diria que são fofoqueiros chiques. Bobagem da senhora Ross afirmar que o "romance-reportagem" remonta a uma tradição que vem de Daniel Defoe. Um livro - independente do gênero - se for bom,não precisa de alvarás para existir. Tanto faz se o autor é cozinheiro, alpinista, caixa de supermercado,ou um jornalista paparicado por seus iguais. Esse argumento é fajuto e facilmente contestado pelo simples fato de que na época em que Daniel Dafoe escreveu "Diário do Ano da Peste" ele, antes de ser comerciante, dono de jornal ou qualquer outra coisa, era um ESCRITOR, e o "Novo Jornalismo" era uma balela a ser inventada muitas décadas depois para dar um verniz a jornalistas bem-sucedidos metidos a estrelas de festa de pobre. Minha arrogância e vaidade não são nada perto da timidez ambiciosa dessa gente. Tenho que ser grosso e bater forte nesse caso. Isso aqui, caro leitor, é um serviço de utilidade pública. Um aviso para garotões sarados da nossa imprensa não se meterem a besta. Talvez não tenha utilidade alguma. Quem sou eu? Se um Daniel Piza da vida cismar que reinventou Machado de Assis, ninguém - nem a justiça que livrou a barra de Pimenta Neves - irá segurá-lo. Quem avisa amigo é. A única coisa animada nessa cidade é a arquitetura brega de um Supermercado que destoa da monotonia da paisagem e das vendinhas furrecas que o cercam. Devia chamar Supermercado Companhia das Letras (leia-se Unibanco). Seria a única coisa honesta que eventualmente poderia acontecer nesse lugar. João Ubaldo Ribeiro entendeu o safári que era isso aqui,e declinou do convite. Ou ainda. O vaivém de artistas e gente metida a artista para cima e para baixo é uma invenção dessa editora-agência bancária para promover seus autores, e futuros devedores. Nada mais do que isso. Foi assim até a segunda ou terceira edição. O negócio cresceu, a mídia mordeu a isca, e já estava dando muito na cara. Não podia ficar desse jeito. Aí convidaram uma enxurrada de pangarés de outras editoras, rappers, caetanos, chicos e tipos afins metidos a escritores para animar a festa. Até o Gugu Liberato, na segunda ou terceira edicão, apareceu por aqui. Dos "artistas", a meu ver, o animador de auditório foi o mais autêntico. Uma vez que não teve de representar nada diferente do que efetivamente faz e do que realmente é. Um palhaço sem talento no picadeiro de um riquíssimo cirquinho de horrores.

Definição


NEOLIBERALISMO - Quando a mãe da gente deixa de ter um valor e passa a ter um preço.

- E tem gente que não nota.

- E tem gente fudida que até gosta.

Durma-se com um barulho destes.

15 de jun. de 2007

Paris - Descrição do século 18

Sobre o problema dos mortos na Paris do século 18 Foucault cita o exemplo do “Cemitério dos Inocentes”, no centro da cidade e reservado para pessoas que não podiam pagar um túmulo individual :


“O amontoamento no interior do cemitério era tal que os cadáveres se empilhavam acima do muro do claustro e caiam do lado de fora. Em torno do claustro, onde tinham sido construídas casas, a pressão devida ao amontoamento de cadáveres foi tão grande que as casas desmoronaram e os esqueletos de espalharam em suas caves provocando o pânico e talvez mesmo doenças. Em todo o caso, no espírito das pessoas da época, a infecção causada pelo cemitério era tão forte que, segundo elas, por causa da proximidade dos mortos, o leite talhava imediatamente, a água apodrecia, etc. este pânico urbano e característico deste cuidado, desta inquietude político-sanitária que se forma à medida que se desenvolve o tecido urbano”.

Rio de Janeiro - Descrição de 1845

Por Miguel Antonio Heredia de Sá - Em Algumas reflexões sobre a cópula, o onanismo e prostituição no Rio de Janeiro (tese) Typ Universal de Laemmert, 1845.
( Em O medo na cidade do Rio de Janeiro, de Vera Malaguti Batista – ed. Revan 2003 )

Situado quase debaixo do tropico de Capricornio e proximo a escapar-se á zona torrida, em a extremidade de uma extensíssima campina representando o fundo de uma bacia, circundada por vasta cadeia de elevadas serras, mananciaes inexhauriveis de copiosissimas aguas, jaz edificada a cidade do rio de Janeiro. Seu solo é baixo, elevando-se nos lugares mais altos a 11 palmos apenas acima das marés altas, humido e perfeitamente impregnado d´agua; sua atmosphera não renovada e constantemente saturada de vapores aquosos, miasmas paludosas, hydrogenio carburetado, e de muitos principios deleterios. Os morros de S. Bento, Conceição e s. Diogo, que correm na linha de Leste a Nordeste, Norte e Noroeste; e os ventos vespertinos, mareiros, mais fortes, que soprão do sul, suduéste e suéste, se embatem em os morros do Castelo, Santo Antonio e a cordilheira de Santa Tereza. O clima indefinivel, estações confundindo-se sem se extremarem constante de temperatura, descendo ou subindo o thermometro em poucas horas oito a dez gráos, não abaixando mais contudo alem de sessenta gráos (F). As ruas estreitas, seguindo a direcção, as principais de Leste a Oeste, banhadas de manha e de tarde pelo sol, crusadas por canos de esgoto, muitas immundissimas com pequena ou nem uma elevação acima do nivel do mar. Casas de pequenas frentes, grandes fundos, nada ventiladas, e formigando de habitadores. Praias immundissimas. Templos atulhadissimos de cadáveres.
Resulta pois que a atmosphera impregnada de principios deleterios, de gazes nocivos, o ar degenerado, não pode se prestar convinhavelmente a respiração, e que a hematose e imperfeita, e o sangue depauperado de principios vivificadores. A grande quantidade d´agua que sob a forma de vapores satura a atmosphera, que não achando esgoto pelo nenhum declive do solo se há evaporado, concentrado e retendo os raios caloriferos produz uma temperatura elevadissima, que enlanguece os corpos, entorpece as funcções pelo extremo suor constante e excessiva excitação do sistema cutaneo. Os pulmões não permeados perfeitamente pelo ar, visto seu peso ser menor pela grande rarefacção atmospherica, e por causa dos vapores aquosos, são anormalmente excitados pelo brusco abaixamento de temperatura, que condemnsando mais o ar atmospherico obriga-os a uma respiração forte e enriquecida de oxigenio fazendo convergir para ahi as forças vitaes, que o demasiado calor e da humidade fazem predominar os sistemas muscular e as forças digestivas, empobrecendo o systema arterial e predominando o venoso, maxime a veia porta, onde a extasis congestiva do sangue predispõe ou antes determina a disposição hemorrhoidaria. As emanações miasmáticas exhaladas dos pantanos existentes mal aterrados, e as que vem acarretadas pelos ventos terraes, produzem as affecções intermitentes tam abundantes.
A constituição physica dos habitadores d´esta aliás bellissima cidade não pode permanecer refractaria a acção morbifica de agentes tam desorganizadores. Seu physico e seu moral são, permitta-se-nos a phrase, entorpecidos por causas tam elanguescentes. O temperamento limphatico, nervoso e melancolico são os predominantes; e as afecções cutaneas, as intermittentes, as pulmonares, sobre todas a tisica ; sim, a tisica, essa enfermidade devastadora pesa sobre nos, terrivel como a ira do senhor, e legada como um anathema de exterminio de geração a geração, decíma os Fluminenses, encarnecendo dos esforços desesperados da sciencia, e desanimando os mais incansaveis medicos, que amerceando-se da humanidade, embalde se esforçam a fazer para este flagello horrivel, que a cada momento enluta as familias, roubando-lhes prendas mais caras”.

Desenhos, carros


O prazer de admirar desenhos de magníficos carros, aqui e aqui.

9 de jun. de 2007

DKV ( ou divagação é...)


Dia destes alguma consulta na Wikipedia me levou a isto, que coisa esta internet.
Ainda hei de chegar a uma conclusão oficial que me ilumine os apreços que tenho pela rede ante meus desamores pelo computador - que a princípio considerei tratar-se não mais que um incrível misto de máquina de escrever e arquivão de luxo - mas que (com seus irmãos os robôs) desde os demos Reagan-Thatcher-João Paulo II-Solidariedanosc só tem se comprovado enorme máquina de desemprego e infelicidade.
Lembro de uma notícia anos atrás, anos de lesa-pátria-FHC, de que a Antartica ia fechar uma fábrica em São Paulo e desempregar quase três mil empregados, substituída por uma nova fábrica robotizada - financiada com recursos do FAT, o Fundo de AMPARO aos Trabalhadores ! - não parece coisa do Zé Simão ?

Para quem gosta e para quem não gosta de carros, a delícia de que falo está aqui.

Durma-se com um barulho destes

Sempre me impressionou - ao contrário de nosotros caiçaras y caipiras - os níveis de desenvolvimento e de consciência política dos vizinhos argentinos

No entanto, Camões vivendo e aprendendo :

Nós elegemos e reelegemos o lesa-pátria sonso


Mas eles elegeram e reelegeram o lesa-pátria cafona Mayor


Na próxima encadernação quero muito mesmo entender as tais de massas.

Piada



Às vezes sentia não haver guardado uma boa, mas hoje ela retornou, antiguinha mas sempre ótima :
"REMORSO DE GAÚCHO"
Um gaúcho entra na policia em Uruguaiana e dirige-se ao delegado:
- Vim entregar-me, cometi um crime e desde então não consigo viver em paz.
- Meu senhor, as leis aqui são muito severas e são cumpridas e se o senhor é mesmo culpado não haverá apelação nem dor de consciência que o livre da cadeia.
- Atropelei um argentino na estrada BR-472, perto de Itaqui.
- Ora meu amigo, como o senhor pode se culpar se estes argentinos atravessam as ruas e as estradas a todo o momento?
- Mas ele estava no acostamento.
- Se estava no acostamento é porque queria atravessar, se não fosse o senhor seria outro qualquer.
Mas não tive nem a hombridade de avisar a família daquele homem, sou um crápula!
Meu amigo, se o senhor tivesse avisado haveria manifestação, repudio popular, passeata, repressão, pancadaria e morreria muito mais gente, acho o senhor um pacifista, merece uma estatua.
Eu enterrei o pobre homem ali mesmo, na beira da estrada.
- O senhor é um grande humanista, enterrar um argentino, é um benfeitor, outro qualquer o abandonaria ali mesmo para ser comido por urubus e outros animais, provavelmente até hienas.
- Mas enquanto eu o enterrava, ele gritava : Estoy vivo, estoy vivo!
- Garanto que era mentira dele, esses argentinos mentem muito !
Só trocaria 'argentino' por 'portenho'. Convivi bastante com gentes do interior, todos gente fina. Mas morro de medo quando em Buenos Aires ou com um portenho à volta em qualquer lugar. Aliás, queria muito algum dia descobrir de onde tiram aquela segurança que têm, ao contrário de nosotros macaquitos. Já reparei até crianças de 10 anos com aquela soberba ! Imagino que tenha algo a ver com a história de Buenos Aires - um mega-porto de contrabando louco e livre desde o século 17.
Na guerra do Paraguai, aquela coisa escrota capitaneada pelo Império, os caras aproveitando prá superfaturar geral encima das vendas ao brioso exército brasileyro, sem mandar quase nenhum soldado.
Também me ocorre o nível de crueldade da ditadura que tiveram, essa coisa de enfiar facão em barriga de mulher grávida. Nem o Idi Amin Dada.

Mas nos dão de dez em cinema.

7 de jun. de 2007

Sem companhia

Acho que as pessoas que moram sózinhas não fazem comida porque se sentiriam como o Dave no 2001.

Merry Christmas

Clipe tocante de "Merry Christmas" ( John Lennon )
- Clique na imagem -

Quem não se emocionar pode identificar-se abaixo:

(__ ) poste

(__ ) porta

Nomes de filmes

Alain Delon

Não sei se é piada que o ótimo filme "O sol por testemunha" em Portugal teve o nome de "O gajo enrolou-se na hélice", entregando o final do filme.

Será o motivo de não constar do IMDB ?
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( Título original : "Plein soleil" )

Also known as :
Pleno sol Argentina / Spain
Purple Noon UK / USA
Blazing Sun UK
Delitto in pieno sole Italy
Full Sun Australia (literal English title)
Het sol Sweden
Kuuma aurinko Finland
Lust for Evil USA (reissue title)
Nur die Sonne war Zeuge West Germany
Ragyogó napfény Hungary
Sol por Testemunha, O Brazil
Zeuge schweigt, Der Austria

Correspondências


São deliciosas leituras as correspondências de grandes escritores com seus amigos. Registro uma recém trocada com meu irmão, em luz de monitor - que nunca virarão inocentes folhas de papel envelhecido.
-----Mensagem Original-----
De: irmão
Para: irmão
Enviada em: quarta-feira, 6 de junho de 2007 15:05
Assunto: gerais

Mano,

Fiz o joguinho e mandei para uns amigos, falta muita ou total sensibilidade nas máquinas, elas só executam rapidamente as coisas. Comigo, por duas vezes ele não chegou ao fim no objeto ou coisa que eu havia pensado, e, depois, fica dizendo que metal não é mineral, que baleia não é comestível, e assim vai... legal, mas fraco por ser mecânico. Conheço um de cartas ou números com umas 48 variáveis que se faz de cabeça, eliminando por perguntas e se chega exatamente a carta ou ao número que a gente pensou por exclusão como este, e sem erro, é o que deve ter originado este ai, que com um número enorme de variáveis se confunde e erra. Hoje está se atribuindo muitas coisas à informática, mas não é bem assim, tal qual aquela de números que me mandaste, aquilo é milenar e árabe, como sabes, só que com pirâmides coloridas, musiquinhas ao fundo etc..etc.. no final uma assinatura de fulana de tal... É válido somente para a relembrança.
Carro na rua: - Não deixo um minuto que dá azar. Domingo fui almoçar na minha filha, tomei um uísque e fui dormir, na rua tudo deserto, a tarde linda, quando voltei para casa notei que o carro estava aberto, mas, não tinha desaparecido nada, inclusive talões de cheques no porta-luvas permaneciam, tudo bem. Três dias depois fui colocar algo no porta malas e me apoiei no estepe e não tinha mais, zero quilômetro, nunca rodado. São especialistas, abrem o carro, vão direto ao estepe e levam somente ele, fica o macaco, a porca, o triângulo e até se tiver outras coisas, permanecem como estão, comprei outra usada por 100 pila.

Abraços do irmão
De: irmão
Para: irmão
Enviada em: quinta-feira, 7 de junho de 2007 17:43
Assunto: Re: gerais

Boa análise das tentativas cibernéticas.
Até agora de longe o principal efeito desta coisa foi aumentar desemprego com computadores, robôs, etc. E a concentração de renda.
Lembro de rever, anos atrás, um filme do Hitchcock em que o cara trabalha numa seguradora. A cena do lugar é incrível : igual a um ginásio coberto, as salas dos chefes ao redor e acima, ligadas por uma varanda aberta. No piso de área enorme, centenas de mesas e pessoas, cada uma com sua máquina de escrever. Lembro que nas mesas vazias a máquina estava em pé.
E pronto - alguns bits e todos perderam o emprego. Que maravilha a modernidade ! Tem gente que acha ótimo, claro que entre os humanos gostar da situação requer apenas e tão somente (êpa) estar ganhando bem. Veja-se como votam os americanos, por exemplo, só importa estarem podendo consumir.

A dos números era muito bonita. Eu não conhecia, ao menos deste modo como fizeram na apresentação de slides. Não gosto de matemática, mas como muitas coisas do universo, é uma óbvia manifestação de que se dizer que 'não se acredita em deus' é uma afirmação relativa, ou então o cara é um poste ou uma porta. Sábio acho que é não se acreditar no deus das religiões cristãs, rebaixado a gerente de lanchonete, que fica lá encima debruçado no balcão só dando esporro nas pessoas, tipo "êpa, tira a mão daí".
Já tudo que existe só vem a comprovar que a gente é piolho, que existe ALGO muuuuuuito superior, que pode até ser simplesmente eletricidade. Mas que a gente é piolho é, ainda que até estes piolhos sejam uma obra magnífica.

A coisa dos carros é interessante. Claro que é uma merda se viver num país assim (retornando ao assunto inicial, 99% dos ladrões, se houvesse emprego, prefeririam ter um, com uma casinha, uma mulherzinha e uma filhinha, morrer de velho e não antes dos trinta).
Interessante porque, por outro lado, estive pensando que sempre tive muita sorte - de verdade em batidas, nunca dei uma e só levei duas em uns 37 anos "governando autos", como diziam os velhos dessas bandas. Tu deves ter números maiores porque és muito agressivo dirigindo, desde a 'pechada' com o Austin na esquina do Avenida. Lembro que a grade de antimônio se quebrou toda ( uau, antimônio niquelado ! )

As famílias também são interessantes. Acho que a grande maioria é gente boa, que não tem iniciativas de fazer mal 'ao próximo'. Conversando com um parente idoso aí, ele comentou sobre o pai e mãe, que o namoro deles e o casamento encantou a todos, porque os dois eram pessoas excepcionalmente boas e doces ( até um pouco demais, não ? Provavelmente por causa da religião, um atraso de vida ). Assim, nós todos irmãos somos boas pessoas.
Ter sido casado com uma pessoa boa, ter tido um filho igual, acho que foram as melhores coisas da minha vida.

Bueno, tá ficando filósófia demais prum feriado tranqüilo, né ?

Abraço ao meu bom e estimado irmão.

Star Wars


E mais um montão de incríveis desenhos-conceito neste Flickr.

6 de jun. de 2007

Efeitos


O filme deve ser bom : 'O homem duplo' (A scanner darkly), mais um do acervo do Philip K. Dick (Blade Runner).
Mas pensei mesmo para mim que gosto destes efeitos :


Tempos atrás consegui este no Corel Photo Paint, a partir de foto de meu filho :

4 de jun. de 2007

E viva o Chavez !

No ano passado assisti na TV Senado um documentário feito por dois irlandeses sobre a Venezuela de Chavez em 2002. O interessante é que os gajos tiveram a fortuna de estar bem dentro do palácio filmando tudo enquanto aconteceu toda a tentativa de golpe contra o Chavez. O emocionante e revoltante foi ver este outro lado, completamente diferente do que a nossa maldita imprensa fica nos falando. O máximo foi assistir a cena editada dos "chavistas" atirando contra uma manifestação de cima de um viaduto (a cena que 'nos mostraram' no Brazyl), no documentário está a cena sem edição, onde a câmera continua filmando e mostra a avenida 'da manifestação' embaixo do viaduto...completamente vazia, sem viva alma ! Os que atiravam estavam apenas combatendo um franco-atirador que já tinha matado dez pessoas !

Surgiu na internet o documentário, "A revolução não será televisionada", a verdade sobre a Venezuela, sobre o Chavez e sobre o golpe. Imperdível !

O documentário inteiro (1 hora e 14 minutos) em inglês aqui.

Legendado em português em 3 partes aqui, aqui e aqui.

Bons e completos comentários aqui.

O site oficial do filme aqui.


Manifestação em apoio à decisão de não renovar a concessão da RCTV ontem, dia 2 de junho.

4 de mai. de 2007

A reeleição do fhc

Gosto do Paulo Henrique Amorim e de seu blog "Conversa Afiada". Assim, este depositório passa a guardar e reproduzir esse artigo, para que fique à mão e não sejam esquecidas a verdade e o momento político em que o país levava uma trolha e gostava, reelegendo o lesa-pátria Fernando Henrique Cardoso.
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01/05/2007

CLINTON TROCA FHC POR LULA

Paulo Henrique Amorim
. É do conhecimento do mundo mineral (como diria o Mino Carta), que Bill Clinton re-elegeu Fernando Henrique Cardoso.
. A descrição de como o FMI, em setembro-outubro de 1998 (a eleição foi em outubro !), por pressão do Tesouro americano (leia-se Bill Clinton), a contra-gosto, montou um “megabailout” para salvar o Real – e a eleição de FHC – está no livro “The Chastening”, de Paul Blustein, reporter do Washington Post.
. No capítulo “Caindo aos pedaços”, Blustein descreve a situação patética da economia brasileira naquele momento (vale a pena ver de novo do que nos livramos !):
. Câmbio congelado em R$ 1,20 por dólar.
. Entre agosto e setembro de 1998 o Brasil perdeu US$ 30 bilhões em reservas !
. Em setembro (é bom recordar, um mês antes da re-eleição de FHC), a Bolsa de Valores de São Paulo caía 16% AO DIA !
. O déficit em conta-corrente era de 4% do PIB.
. O déficit do Governo era de 8% do PIB !!! (Hoje há uma gritaria nos jornais porque o déficit público vai ficar abaixo de 4% !!!)
. Os títulos lançados pelo Governo brasileiro tinham uma “maturity” média de 7 meses !
. Em setembro (lembre-se, a eleição foi em outubro), conta Blustein, o Ministro da Fazenda Pedro Malan se reuniu com ministros da Fazenda, em Washington e fez humor negro: citou a frase que abre o romance Ana Karenina, de Tolstoy: “Todas as famílias felizes se parecem, cada família infeliz é infeliz à sua maneira”. (*)
. Antes, num encontro com o Ministro do Tesouro de Clinton, Larry Summers, Malan tinha dito que não havia Pano B: FHC, o Farol de Alexandria, não ia desvalorizar o Real, pouco antes da eleição.
. Os europeus e japoneses acreditavam que dar uma bolada ao Brasil para salvar o Real era o mesmo do que dar tempo para os especuladores fugirem do Real sobrevalorizado.
. Era tacada boa para encher o bolso dos especuladores.
. (Sobre tacadas, clique aqui para ler a entrevista que fiz com Luís Nassif sobre a tacada de Andre Lara Resende, no lançamento do Real).
. Não teve conversa: Clinton enfiou o “megabailout” pela goela abaixo dos europeus e japoneses.
. O Real ficou onde estava e FHC se re-elegeu.
. E depois veio o desastre que todos conhecem.
. E que resultou na eleição do Presidente Lula, numa campanha em que nenhum candidato – nem o de FHC, José Serra, hoje presidente eleito – defendeu a política econômica de FHC.
. Durante muito tempo, FHC jactou-se de ser o interlocutor especial dos Estados Unidos, porque tinha uma relação especial com Bill Clinton.
. Essa aproximação de FHC com Clinton e alguns comentários pouco elogiosos que fez a Bush provocaram o afastamento dos Estados Unidos do Brasil – o que só a eleição de Lula consertou.
. Na edição de hoje do Estadão, a correspondente Patrícia Campos Mello, descreve um encontro, em Washington, do Fórum de Desenvolvimento Sustentável.
. Título: “Brasil é modelo mundial, diz Clinton”
. Clinton elogia a intensificação do programa de bio-combustíveis e defende que o Brasil tenha assento permanente do Brasil no Conselho de Segurança da Onu.
. Duas bandeiras do Presidente Lula.
. Clinton diz assim: “Estive com o primeiro-ministro da Etiópia e ele disse ‘quero ser o Brasil da África. Nós podemos produzir cana-de-açúcar igualzinho ao Brasil’.”
. Como presidente dos Estados Unidos, Clinton não era amigo de FHC: Clinton é amigo dos Estados Unidos ...