4 de mai. de 2007

A reeleição do fhc

Gosto do Paulo Henrique Amorim e de seu blog "Conversa Afiada". Assim, este depositório passa a guardar e reproduzir esse artigo, para que fique à mão e não sejam esquecidas a verdade e o momento político em que o país levava uma trolha e gostava, reelegendo o lesa-pátria Fernando Henrique Cardoso.
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01/05/2007

CLINTON TROCA FHC POR LULA

Paulo Henrique Amorim
. É do conhecimento do mundo mineral (como diria o Mino Carta), que Bill Clinton re-elegeu Fernando Henrique Cardoso.
. A descrição de como o FMI, em setembro-outubro de 1998 (a eleição foi em outubro !), por pressão do Tesouro americano (leia-se Bill Clinton), a contra-gosto, montou um “megabailout” para salvar o Real – e a eleição de FHC – está no livro “The Chastening”, de Paul Blustein, reporter do Washington Post.
. No capítulo “Caindo aos pedaços”, Blustein descreve a situação patética da economia brasileira naquele momento (vale a pena ver de novo do que nos livramos !):
. Câmbio congelado em R$ 1,20 por dólar.
. Entre agosto e setembro de 1998 o Brasil perdeu US$ 30 bilhões em reservas !
. Em setembro (é bom recordar, um mês antes da re-eleição de FHC), a Bolsa de Valores de São Paulo caía 16% AO DIA !
. O déficit em conta-corrente era de 4% do PIB.
. O déficit do Governo era de 8% do PIB !!! (Hoje há uma gritaria nos jornais porque o déficit público vai ficar abaixo de 4% !!!)
. Os títulos lançados pelo Governo brasileiro tinham uma “maturity” média de 7 meses !
. Em setembro (lembre-se, a eleição foi em outubro), conta Blustein, o Ministro da Fazenda Pedro Malan se reuniu com ministros da Fazenda, em Washington e fez humor negro: citou a frase que abre o romance Ana Karenina, de Tolstoy: “Todas as famílias felizes se parecem, cada família infeliz é infeliz à sua maneira”. (*)
. Antes, num encontro com o Ministro do Tesouro de Clinton, Larry Summers, Malan tinha dito que não havia Pano B: FHC, o Farol de Alexandria, não ia desvalorizar o Real, pouco antes da eleição.
. Os europeus e japoneses acreditavam que dar uma bolada ao Brasil para salvar o Real era o mesmo do que dar tempo para os especuladores fugirem do Real sobrevalorizado.
. Era tacada boa para encher o bolso dos especuladores.
. (Sobre tacadas, clique aqui para ler a entrevista que fiz com Luís Nassif sobre a tacada de Andre Lara Resende, no lançamento do Real).
. Não teve conversa: Clinton enfiou o “megabailout” pela goela abaixo dos europeus e japoneses.
. O Real ficou onde estava e FHC se re-elegeu.
. E depois veio o desastre que todos conhecem.
. E que resultou na eleição do Presidente Lula, numa campanha em que nenhum candidato – nem o de FHC, José Serra, hoje presidente eleito – defendeu a política econômica de FHC.
. Durante muito tempo, FHC jactou-se de ser o interlocutor especial dos Estados Unidos, porque tinha uma relação especial com Bill Clinton.
. Essa aproximação de FHC com Clinton e alguns comentários pouco elogiosos que fez a Bush provocaram o afastamento dos Estados Unidos do Brasil – o que só a eleição de Lula consertou.
. Na edição de hoje do Estadão, a correspondente Patrícia Campos Mello, descreve um encontro, em Washington, do Fórum de Desenvolvimento Sustentável.
. Título: “Brasil é modelo mundial, diz Clinton”
. Clinton elogia a intensificação do programa de bio-combustíveis e defende que o Brasil tenha assento permanente do Brasil no Conselho de Segurança da Onu.
. Duas bandeiras do Presidente Lula.
. Clinton diz assim: “Estive com o primeiro-ministro da Etiópia e ele disse ‘quero ser o Brasil da África. Nós podemos produzir cana-de-açúcar igualzinho ao Brasil’.”
. Como presidente dos Estados Unidos, Clinton não era amigo de FHC: Clinton é amigo dos Estados Unidos ...