5 de ago. de 2007

Gasolina, álcool e diesel


Nunca consegui assistir a este anúncio da Petrobras , "Mais energia para o Pan 2007" (o que significa a frase mesmo ?), sem imaginar gasolina, álcool e diesel sendo jogados sobre as multidões. A seguir seria tocado fogo ?
Aliás, a empresa não é de usufruto de alguns amigos, como a PDVSA, mas desde o início do governo fhc (o lesa-pátria) tenho sentido que as direções tucanas e petistas só querem mesmo torná-la uma das famigeradas "sete irmãs". O papo de energias alternativas é só prá petista bobo ver.

1 de ago. de 2007

Sol da Meia Noite


Mano,

Com minhas andanças um tanto precoces acabei por vezes aprendendo coisas na prática, dessas que não tivemos saco de estudar na escola, ou - mais provável - não nos foi ensinado.

Em junho de 1974 saímos da Suíça para a Suécia. O dinheiro estava acabando e um amigo que morava em Paris, a caminho de Estocolmo, nos havia falado que lá se podia trabalhar legalmente por três meses e ganhar uma grana que daria pro resto do ano na Europa.

A viagem de carona foi ótima, como todas. Pelo final da tarde do segundo dia, perto de Frankfurt, um cara que só falava alemão parou. Logo depois estacionou ao lado de uma cabine telefônica nos dizendo : "Ein moment". Voltou tentando dizer "home" e fomos prá casa dele.

Lá estava sua mulher e duas filhas adolescentes, que falavam inglês. As meninas ficaram excitadíssimas com aqueles dois seres um tanto exóticos que o pai havia trazido para casa. A mulher dele nos disse que era a primeira vez na vida que ele dava carona para alguém (sempre viajamos não só de casalzinho mas vestidos para despertar bons sentimentos, tão bons quanto nós éramos mesmo).

Disseram que podíamos dormir num apartamento abaixo, de outra filha que estava viajando. Ele era arquiteto e todo o prédio de três andares era dele. E que no dia seguinte podíamos seguir com eles para Travemünde, Alemanha, onde iriam buscar a filha e bem no porto do Ferry Boat para a Dinamarca.

Lanchamos pães pretos que pareciam de madeira e fomos prá varanda tomar licor e ouvir interessantes coisas da história urbana recente de Frankfurt, já que na guerra quase tudo tinha virado pó. Depois saímos de carro para ver a cidade à noite.

Viajamos o dia seguinte inteiro, pois a tal Alemanha é uma coisa grande entre aqueles micro-países. À tarde eu comentava o estranho que era nos aproximarmos razoavelmente do Pólo Norte e o calor ir aumentando, janelas abertas e o barulhão do vento quente. À tardinha nos despedimos deles (ah, que lástima não haver e-mails naquela época, e as pessoas se perderem no tempo).

Cruzamos para a Dinamarca e à tarde de novo a carona nos convidou para dormir. Bueno, visitamos Copenhague e outro Ferry pra Suécia. A fama era que lá eles não davam carona. Pegamos uma logo. Um cara todo sujo num carro todo sujo com mil tralhas sujas dentro. Era o Hokan, o maior cientista de insetos da Suécia e vinha 'de campo'. Estocolmo estava a umas 10 horas e no final - pra variar - "convenceu-nos" de que aquilo não era hora de chegar numa cidade grande e que devíamos acompanhá-lo e dormir em sua fazenda perto de Estocolmo. Era linda, a mulher dele também, todos doces simpatias. Saímos pra colher cogumelos normais, bebemos um montão de vinho e fomos dormir pela uma da manhã.

Todo este conto pra dizer que era o "Midsommardag", o solstício de verão naquele dia, e à uma da manhã o sol se punha mas não chegou a escurecer quase nada, pelas duas já nascia de novo. Assim foi meu primeiro contato com o sol da meia noite. O sono foi estranho pois o quarto não tinha cortinas - eles têm pouco tempo de sol e não desperdiçam - e adormecemos assim com um sol de oito da manhã na cara.

Saímos da Suécia no dia 20 de setembro e já anoitecia pelas três da tarde.