31 de out. de 2006

Love letters

Seis de março de 2001

Se escrevesse mesmo estas coisas para ela, acho que começaria falando do óbvio, de como estas situações são complexas e sensíveis, de quanto as coisas mais simples têm a capacidade de se revestir em filigranas embaralhadas, das dificuldades intrincadas dos encontros, da tendência fluida e natural aos desencontros.

Em algum momento teria que louvar a vida, trágica e bela. Inimaginável pensá-la diferente... de exatamente como ela é !

Estaria acontecendo uma sedução.

Provavelmente a sedução mais light, mais sutil que já teria recebido.

Falaria que cada vez que escreve alguma coisa ou aparece, minha cabeça enlouquece. Que neste turbilhão passaram impressões de só aparecer acompanhada de alguém (wrong). De que os sentimentos estavam sutilmente lançados e só caberia esperar reações.

Mas o desafio é também tentar imaginar o que possa rolar na cabeça dos outros, que a magia das mentes demanda considerar os diferentes entendimentos, as diferenças.

Então diria que julguei que deveria explicitá-los.

{ Ah, como – em minha cabeça - combina escrever coisas assim para ela - ouvindo árias... }

Explicitá-los

... pois já imaginou descobrir daqui a 15 anos que havia o clima, mas ela não entendeu ? ! ?

Realmente não saberia dizer - ainda que tenha manifestado mil vezes - se notou que sempre foi objeto da minha adoração ? Desde sempre quando descobri que existia.

[ nesta altura caberia interessante falar-lhe de para quantas pessoas na vida comentei que tem uma presença que não é só beleza - ora, a beleza - que, quando ela chegava, não importa quantas pessoas havia, fazia-se um silêncio muito estranho. Que sempre me fascinou e que sempre juraria que não estava acontecendo só dentro da minha cabeça].

Se escrevesse estas coisas para ela, assim num imeiu, como ela as leria ? Oui, non merci ? Ou o quê ?

Não sei.

Mas haveria a tranquilidade de conhecer seu equilíbrio, sua delicadeza, sua honestidade, sua sensibilidade. Ou não ?

Porque entendo que é uma pessoa, uma mulher, que de qualquer modo - na vida da gente - terá sido um privilégio ter conhecido.

Não sei.

Acho que vou escrever umas coisas destas para ela...

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