14 de abr. de 2007

Não lembro ...



WASHINGTON - Um paciente ajudou um grupo de médicos dos Estados Unidos a descobrir que os homens que se submetem à vasectomia correm risco de sofrer um tipo de demência caracterizado por transtornos de linguagem.
Um estudo publicado nesta terça-feira (13) pela revista Cognitive and Behavioral Neurology informa o risco de Afasia Progressiva Primária (APP), que provoca dificuldades para lembrar e compreender palavras.

Os pacientes perdem pouco a pouco a capacidade de entender sua própria linguagem. A doença é diferente do mal de Alzheimer, que constitui um desequilíbrio da memória.

Segundo os pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade Northwestern, a relação foi descoberta quando o paciente, que havia passado por uma vasectomia aos 43 anos, percebeu que estava começando a perder a memória.

A vasectomia é uma intervenção cirúrgica na qual se cortam os vasos que conduzem o sêmen.

Segundo Sandra Weintraub, a autora principal do estudo, para confirmar suas suspeitas o paciente entrou numa sala onde havia nove pacientes de APP e perguntou quantos deles tinham passado por uma vasectomia. Oito levantaram as mãos.

Weintraub e sua equipe analisaram então o caso de 47 homens com APP e o de 57 sem problemas de afasia. Todos tinham de 55 a 80 anos.

Dos homens saudáveis mentalmente, 16% tinham se submetido à vasectomia. Mas 40% dos que sofriam de APP tinham sido operados.

"É uma enorme diferença", comentou Weintraub, diretora de neuropsicologia do Centro de Doenças Cognitivas, Neurológicas e Alzheimer.

Os vasectomizados começaram a sofrer de afasia mais cedo (58 anos) em comparação com a média de 62 do outro grupo.

No entanto, a conclusão do estudo não é de que a vasectomia seja uma operação negativa, com efeitos secundários graves. "Pode ser um fator de risco", diz a pesquisadora.

"Não quero que ninguém se assuste e recuse uma vasectomia. É preciso realizar uma pesquisa mais ampla", acrescenta.

Para ela, é possível que nos pacientes vasectomizados o sêmen passe para o sangue e provoque uma reação imediata do sistema imunológico. A partir desse momento o corpo começa a produzir anticorpos que seriam os causadores da demência.

Weintraub comparou a situação com certos tumores cancerosos que produzem anticorpos, que, ao chegar ao cérebro, provocam uma doença semelhante à encefalite.

A idéia agora é fazer um estudo em nível nacional para ver se os resultados serão confirmados.

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