
Londres, anos setenta.
Um brasileiro que trabalhava como garçom num pot (restaurante barato) em Knightsbridge com a minha companheira chamou-nos para uma ‘festa’ no apartamento de um amigo inglês.
Era num squatter, um apartamento tomado em um edifício abandonado – naquele tempo pré-thatcher havia destas coisas. Em frente, na rua, havia morado a Elizabeth Taylor.
Na verdade a festa era completa : o morador, inglês gente finíssima, nós dois, o amigo brasileiro e um amigo do inglês, escocês que falava o fim das palavras como em alemão : o ch final do uísque “Glenfiddich” soava como gato assustado. Sentados em almofadas no tapete da sala a conversa fluiu aprazível e universal – anos setenta. Mais um casal bonito chegou.
Pelas tantas, o dono da festa anunciou que serviria uma sangria ‘lisérgica’. Ah, tripiar, ótimo !
A noite fluiu – muito por acaso - como que em estado de graça.
Madrugada, o casal último a chegar despediu-se com abraços envolventes e ardorosos.
Continuamos a conversar ternamente até o dia começar a clarear, quando nos despedimos todos.
O dono da casa - ao se despedir – pergunta de quem de nós o casal era convidado.
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